Tecelã

Teço a fios rasos

Os caminhos que pisam meus pés

Eram versos desfolhados,

Poesia manchada

Que causava dissabor.

Mas como pode coisa linda

Brotar sangue de feridas

Que deviam cicatrizar?

Aumento agora o bastante

Pra enxergar que antes

Era relógio murchado, sem função.

E é assim como barco que navega

Que se dobra a correnteza

E se deixa levar pelo que é belo

E é assim que vou também

Tecelã dos passos meus

A viajar pela praia que busquei

E que dela, se puder, não sairei jamais.

Cecília Afonso
Enviado por Cecília Afonso em 14/09/2009
Código do texto: T1809986
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