Tecelã
Teço a fios rasos
Os caminhos que pisam meus pés
Eram versos desfolhados,
Poesia manchada
Que causava dissabor.
Mas como pode coisa linda
Brotar sangue de feridas
Que deviam cicatrizar?
Aumento agora o bastante
Pra enxergar que antes
Era relógio murchado, sem função.
E é assim como barco que navega
Que se dobra a correnteza
E se deixa levar pelo que é belo
E é assim que vou também
Tecelã dos passos meus
A viajar pela praia que busquei
E que dela, se puder, não sairei jamais.