Diário Poético 27/12/05

Este lago não era daqui,

Pertencia algures a outro céu,

A esse reflexo de tristeza de outro mundo,

Das coisas que nunca deviam ser,

Trouxeram-me certos anjos esta dor profunda,

Ficou esta noite fria e um olhar longínquo

No barco que partia.

Remexi os bolsos, encontrei estes trocados,

Estes pequreníssimos espelhos partidos,

E a saudade como um silvo tremendo subindo toda a água.

Não há fim para a tenebrosa dor,

Nem o começo dos outros céus que existem nos outros lagos.

Só esta barca de um só lugar e uma vela por abrir.

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 23/06/2006
Código do texto: T181037