O Fim

O Fim é já, ao abrir desta porta,

No repente de um vento de uma boca de uma árvore,

Do silêncio autêntico de uma cântico, da porta aberta

De um negro profundo de uma dor. Ou de uma cor, primária.

Do autêntico da verdade, do nunca se sabe e do nunca é,

Daquilo de que nunca conseguimos fazer um verbo, ou de uma romã.

Tão seca, como o autêntico da folha castanha, do Outono pardacento,

Ou de uma castanha. Seca. Também.

Os olhares da manhã estão nas lágrimas do orvalho, no fim, nas ervas rasteiras.

No linear da luz. Mas tudo isso não faz o começo. Não começa, faz fim.

Tudo é um olhar que não posso contar, é uma escuridão que não posso abraçar,

De um silêncio intrometido com a luz, as sombras zombando de uma palavra ferida.

Do fim. Não posso acabar o verso, não posso alcançar o oiro do palácio, não posso sonhar magia.

É isso o fim. O pequeno ponto ao lado do verbo, da língua sem sangue, ou do canário morto.

Podeis dizer um grito, nunca podes contar o fim.

Não sei se tu me ouves, não sei se há promessas por cumprir, não sei se as pedras são vocês em almas desertas.

Nem sei se haverá porta mas, não posso de deixar de a procurar, de conhecer o limite, de olhar para dentro.

Não sei, tu não és o fim.

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 23/06/2006
Código do texto: T181043