JARDINS DE ARANJUEZ

Caminhando pelas ruas de Madrid

O oceano agitar-se sob o asfalto senti

Como se de fato comemorasse

Em taças de vinho tinto

A minha presença ali

E de direito

De amor total cantasse a canção do amor perfeito

Espera, ó terra de Cervantes

Minhas filhas caminham por tuas praças e alamedas

Meu coração não é o mesmo d’antes

Dos trens ouço

Na noite

Pesado e triste lamento

Touros nas arenas abatidos

Rodopiam saias

Das dançarinas do flamenco

Há em cada esquina longos

Intermináveis gemidos

Suspende-se no ar cortina de areia

E me cobre de vermelho

Beijo montanhas

Abraço nuvens

Aos céus me entrego

Aos diversos sóis

Espalhando-se pelos cômodos

Cantos

Lambendo a luz dos espelhos

E as grossas paredes

Dos castelos espanhóis

De mãos dadas

Crianças outra vez

Correremos

Rolaremos sobre a grama

Dos jardins

De Aranjuez

OBSERVAÇÃO: poema escrito na madrugada de segunda, dia 14/09/2009