Corpo sobre o manto
Reparte comigo o raio único incandescente?
Que vibra frio e leve amanhecido na vidraça.
Sobre a escuridão, inflectido impunemente,
Dê-me este calor que no teu corpo se abraça.
Enche o peito com teu suspiro manso,
Ainda inebriado pelo manto sonolento,
Viso caminhos florescendo e sei nunca me canso,
De admirar-te as formas no estado lutulento.
Que Deus me guarde este minuto antes da morte,
Poder admirar-te eternamente as formas puras,
Este corpo sobre a cama numa espécie de recorte,
É a mais perfeita e intangível das pinturas.