Teus vitrais
Teu olhar em névoa negra, um frio ataúde,
Que serve de insígnia ao meu verso estrito,
Não há caminho por onde não trilhe o grito,
Como não há arrimo para um suspiro rude.
Tuas pestanas são o abismo dum rosto ermo,
Busco uma fenda para adentrar o admirável,
(Dantes da tempestade suntuosa e incansável)
Que me permita aquecer-te o peito enfermo.
Destes vitrais obscuros, dentro, é que se agita,
A paixão vertiginosa, a pulsação do abandono,
O furor incontestável que a solidão excita.
Rogo que finde em ti, o inferno e o outono,
E que tu guarde, ardente, em tua alma aflita,
Ao menos este verso em teu marmóreo sono.