NINHO
 
Quero um dia um lugar para viver,
uma canção qualquer que me acolha.
Peço um espaço que receba música e cor,
que seja um mar onde eu viaje ou pequeno e apertado mas que caiba alguns dos meus sonhos.
Tenho apenas uma vida e uma razão,
por que esperar outra coisa mais adiante,
se o tempo invade um vazio que me guarda?
Eu tento colher um bem ainda que irreal,
talvez alguém que um dia plantei.
Almejo um lugar de silêncio, onde possa desenhar um beijo doce de amor, e roubar esse alguém como uma flor rara perdida na lembrança ou um perfume que me faça sorrir.
Busco reduzir meu medo a um simples susto.
Talvez me esqueça da realidade,
tamanha imaginação que a poesia deixa.
Lá longe aponta um caminho,
entre curvas e retas eu ando desacompanhando.
São tantos anos em tão pouco tempo,
sei do tempo dessa vida que eu conto,
um grão de areia num continente de praias.
Mas é tudo que o tenho para amar.
Preciso pensar melhor minhas palavras,
porque ferir as mãos que me acalenta?
Crio um lugar como ninho de assistência,
cuido bem do espaço único que se apresenta.
Por fim é a poesia que me encanta,
essa mulher cheia de versos,
que rima um olhar com um beijo,
e deixa de rimar quando cai a noite,
e no apressar das mãos faz nascer meu desejo.