Aquela Menina
Sob os cabelos encaracolados,
Anjo comportado,
Foi despertado
Para o mundo, pecado.
Aquela menina...
Senhora mulher investida
De dona.
Quando queria,
Era a fera proibida.
Que embebida de prazer,
Sem qualquer vergonha...
Ora gritava;
Ora gemia.
Quando não rasgava a carne
Com suas unhas afiadas;
Quando se continha...
Envenenava com o seu beijo.
Quando não, matava, mordia...
Insaciável, insaciada...
Nas mãos,
No chão...
Não se controlava.
As vezes, era a loira louca;
As vezes, era morena, prostituta das horas;
Quando não, a virgem de sorriso malicioso,
Que fazia dos homens seus escravos.
Em delírios ungia o corpo de sussurros perigosos.
Em amor, seu feitiço mais célere.
Quando evidenciou a sua idade,
Naquela cidade,
Todo homem sob a saudade,
Fez sem querer a juventude perecer
Nos braços apagados de uma solidão,
Cuja mortalha deu razão a morte.