Aquela Menina

Sob os cabelos encaracolados,

Anjo comportado,

Foi despertado

Para o mundo, pecado.

Aquela menina...

Senhora mulher investida

De dona.

Quando queria,

Era a fera proibida.

Que embebida de prazer,

Sem qualquer vergonha...

Ora gritava;

Ora gemia.

Quando não rasgava a carne

Com suas unhas afiadas;

Quando se continha...

Envenenava com o seu beijo.

Quando não, matava, mordia...

Insaciável, insaciada...

Nas mãos,

No chão...

Não se controlava.

As vezes, era a loira louca;

As vezes, era morena, prostituta das horas;

Quando não, a virgem de sorriso malicioso,

Que fazia dos homens seus escravos.

Em delírios ungia o corpo de sussurros perigosos.

Em amor, seu feitiço mais célere.

Quando evidenciou a sua idade,

Naquela cidade,

Todo homem sob a saudade,

Fez sem querer a juventude perecer

Nos braços apagados de uma solidão,

Cuja mortalha deu razão a morte.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 23/09/2009
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