Pescoço na Madrugada

Aulidos às portas da crescente

Os jazigos a ferro e dente

Apartavam os que repousavam

Da maioria dos que marginavam.

Ruidoso o cio plangente

Entregue à vasta mãe sombria

Uma cava rasa e esguia

Aguilhoava o fio da mente.

Fétido odor ao desagrado

Acutilava, inchava e ardia

Os membros rijos, temerosos

Audaciosa vilania.

Menores fontes de saber

Auspiciosos já se tinham

No chilrear mórbido da cigarra

Se o trouxesse passarada

Vã serenata a exercer.

Na omoplata, a gira alerta

Lúgubre seita e tensa

Pactuando a eternidade certa

O contorno, perca ou vença.

No amolado do machado

Rola, pinga a cabeça oca

Sorvendo a sede do pecado

O escarlate flui da boca.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 27/06/2006
Código do texto: T183145
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