Mil noites

(co-autoria: Beto Emid)

Século remoto,

no oriente distante,

o palácio, seu harém,

eunucos e soldados

dormiam.

Em sedosas almofadas,

um emir sonhava.

E, em seu sonho,

caminhava ele

pela cidade, fenestras,

disfarçado,

entre seus súditos,

a perguntar-lhes

o que era o amor.

Aproximou-se de um cego poeta,

fixou profundamente seus olhos

e viu neles estranhas imagens:

o futuro vinha buscá-lo,

séculos após,

ocidente presente,

momento de amor.

Cama e seus travesseiros,

duas pessoas nuas,

abraçadas,

cantando rockabilly,

debaixo de um cobertor,

ausentes do tempo.

- Será isso, o amor?

Quando a resposta mais sábia,

reveladora das emoções humanas,

finalmente, se anunciava,

o cego serrou os olhos

e o emir despertou

trazendo ainda na lembrança

acordes da estranha música

que, juntos, os amantes sussurravam.

vitória Paterna
Enviado por vitória Paterna em 28/06/2006
Reeditado em 28/06/2006
Código do texto: T183522