Mil noites
(co-autoria: Beto Emid)
Século remoto,
no oriente distante,
o palácio, seu harém,
eunucos e soldados
dormiam.
Em sedosas almofadas,
um emir sonhava.
E, em seu sonho,
caminhava ele
pela cidade, fenestras,
disfarçado,
entre seus súditos,
a perguntar-lhes
o que era o amor.
Aproximou-se de um cego poeta,
fixou profundamente seus olhos
e viu neles estranhas imagens:
o futuro vinha buscá-lo,
séculos após,
ocidente presente,
momento de amor.
Cama e seus travesseiros,
duas pessoas nuas,
abraçadas,
cantando rockabilly,
debaixo de um cobertor,
ausentes do tempo.
- Será isso, o amor?
Quando a resposta mais sábia,
reveladora das emoções humanas,
finalmente, se anunciava,
o cego serrou os olhos
e o emir despertou
trazendo ainda na lembrança
acordes da estranha música
que, juntos, os amantes sussurravam.