lá longe não há lua decerto
parece impossível a lua ser só minha esta noite,
o silêncio e a lua como um bálsamo oriental.
não se esquece nada, apenas, tudo o resto não existe.
as folhas das árvores, devagarinho, fazem uma prece com a linguagem do vento.
o tempo pára no morno da noite como se quisesse falar comigo.
Eu estou na rua, nu, de palavras e ruídos. Não há saudade e memória.
As corujas brancas voam enchendo o ar de fantasmas pacíficos e extraordinários.
Parece impossível que a lua seja minha esta noite, e que eu percorra, lento,
o lago formidável da existência, no luxo do deleite da´paz deste momento.
lá longe, na vida, há mortos e feridas todos os dias, sem tempo, nem futuro.
de cabeça para trás de costas no muro bebo a lua, um hidromel que repito todas as noites de Verão.
lá longe não há lua decerto.