A atriz e o poeta
À atriz
Como se o sopro da vida não bastasse
Sintonizado com a inspiração divina
O princípio inteligente sobre a terra
Num repente fez nascer à arte...
Barroca, romântica, surrealista
Cômica, trágica, satírica
Oscilando entre o profano e o sagrado
A mais autêntica das expressões humanas
Desde os primórdios transforma o mundo
Por todo canto, por toda parte...
E da plenitude artística dentre tantas
Escolhi você minha atriz de tez morena
Para dar rítmica, luz, ação e primazia
Aos meus versos embriagados de vida
Altiva e imponente artista de caras e bocas
De corpo caliente de fala macia...
Sedutora cúmplice das artes
Interprete sem perguntas, sem juízo
O papel que te cabe com ardor
Tua arte é teu céu, teu dom de ofício
A fundir nossos devaneios e loucuras
Na busca do bom e do belo sintetizados no amor...
Abandone a solidão do camarim
Pise este palco carmim que é todo teu
Transborde esta emoção por inteiro
Somente peço que sejas verdadeira
Pra não frustrar e não levar ao desencanto
Esta platéia em delírio que sou eu...
Teu poeta
Ao poeta
“Compartilho de teus ideais, aspiramos os mesmos sonhos.“
Meu poeta,
A quem o criador deu a sublime missão
De manipular palavras com sensibilidade e maestria
Tornando o fardo mais leve ao viandante
Que perdido caminha solitário na negritude da noite,
Capaz de captar sons no silêncio de angústia da alma decaída,
De perceber o imperceptível ao comum dos mortais,
E que mesmo imerso na dor alça vôo
Aos recônditos de si mesmo fazendo brotar
Flor em perfume do pântano da vida
E água cristalina da pedra triste incrustada na rocha...
Siga confiante! O mundo precisa de ti
E que os teus vôos brilhantes e repletos de criação,
Como o vôo das borboletas coloridas
Sobrevivam aos caçadores de ideais,
A fumaça que esconde o teu céu de estrelas,
Ao concreto que rouba a abstração poética das cidades
E ao cenário urbano de gravatas apressadas, vil metais e incertezas,
Que umedecem teus olhos, mas não sepultam teus sonhos,
Que a tudo sobrevive apesar dos homens.
Tua atriz