Íris

Sinto-me turvo

Da janela vejo a rua

Como nunca vi

Eufórica aquarela bizarra

De camisas de times

Ternos, biquínis, farrapos

A eletricidade percorre meu sangue

Sinto-me mais vivo, mais livre

Procuro-me no guarda-roupas

E encontro o espelho com mal contato

E na tv sem antena

Vejo minha imagem

Chuviscando

Nas ruas a turba passa veloz

Colorida

Nas escadas, a indecisão me faz voltar

Já não há espelho, não há tv

Me vejo chovendo nas ruas

Banhando de cinza

Os corpos, as roupas, o suor

Agora sou só uma onda

Não sei se sonora ou vibratória...

No fundo toda ilusão

Tem sempre o formato

Que desejamos

Ricardo Villa Verde
Enviado por Ricardo Villa Verde em 03/10/2009
Reeditado em 03/10/2009
Código do texto: T1845658