Íris
Sinto-me turvo
Da janela vejo a rua
Como nunca vi
Eufórica aquarela bizarra
De camisas de times
Ternos, biquínis, farrapos
A eletricidade percorre meu sangue
Sinto-me mais vivo, mais livre
Procuro-me no guarda-roupas
E encontro o espelho com mal contato
E na tv sem antena
Vejo minha imagem
Chuviscando
Nas ruas a turba passa veloz
Colorida
Nas escadas, a indecisão me faz voltar
Já não há espelho, não há tv
Me vejo chovendo nas ruas
Banhando de cinza
Os corpos, as roupas, o suor
Agora sou só uma onda
Não sei se sonora ou vibratória...
No fundo toda ilusão
Tem sempre o formato
Que desejamos