Pressa

Que pressa é essa, tão vazia, tão austera.

Que pressa é essa, sem valor, sem ética.

Que pressa é essa, com passos em descompassos,

conduzindo ao caos, sem nenhum embaraço.

Que pressa é essa, passa sempre ligeira, mas toda

ela é sujeira.

Que pressa é essa, tão calada enquanto corre,

tão grosseira quando discorre.

Que pressa é essa, que não aceita um esbarrão acidental,

mas atropela sem razão, como um animal.

Que pressa é essa, que nasce meio sem querer,

mas que com o tempo, acaba com nosso bom viver.

Que pressa é essa, que fecha os olhos do coração,

e abre as portas para a agressão.

Que pressa é essa, que distorçe a vida no tempo,

que inibe a intensidade e doçura dos momentos.

Que pressa é essa, que nunca tem cautela, que

nunca tem respeito, que ignora, tudo o que é direito.

Que pressa é essa, que faz cair e faz morrer,

e não tem sequer, uma mão para estender.

Que pressa é essa, que passa sem sentir, sem olhar,

sem notar, sem amar, e ao final, apenas quer descansar,

daquilo que na verdade nunca viveu.