PARÁFRASE

Percebo uma princesa etérea. De vidro

é sua grinalda e de nuvens o seu olhar.

As faces pálidas, passadas.

O manto aveludado cobre-lhe a desprotegida pele.

Talvez se fez nas sombras dos contos de fadas

ou em gélidos países polares, paisagens normandas,

terras distantes.

A reconstruí em minha mente, cabelos ruivos

o peito silencioso. Não me alcança

o seu surdo murmúrio.

De que espelho fosco, castelo abandonado,

negra floresta,

surgiu esta dama triste e desesperançada

que me obriga a guardá-la com tanta penúria?

Talvez me leia e me condene,

perdida em tempos inenarráveis.

Oculta nos olhos do poeta cego,

sei que permanecerá e me atormentará.