'bora pra rua!
Quantas vezes pensei
Que morri
Ou que ia mergulhar na praia
Deixar minha carcaça
Tomando sol no céu
A me levar pros braços
Dos anjos a cantar Gardel
Tantas achei que não ia agüentar
Senti-me desmoronar
Molhei todos os meus travesseiros
Mordi todos os meus desesperos
Senti-me a pior das criaturas
Matei todas as caricaturas
Esculpi novas criaturas
E explodi!
Fui ao inferno
Conheci cada labareda
Ardência, demência, ausência
Rastejei de dor
Ninguém me viu
Só eu, eu e eu
Calei e acalmei
Anoiteci minha dor
Acordei minha mulher
E disse:
‘bora pra rua!
Dancei a noite
Dancei minha vida
A dança lavou minh'alma
e despertou a bailarina.
Rose de Castro
A ‘POETA’