Adubo de dores
“Talvez eu tenha morrido há tempos / e cravado fiquei nos muros de sonhos e de dor / talvez também / eu tenha esquecido / de procurar no teu coração / o sentido da frase quem sou” ( Carlos Edu)
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Tua alma dormia sob meus cuidados
Sem hora marcada
- Sem amanhecer!
E o dia agonizava enquanto apagavas
As sombras das flores do nosso jardim;
Não ouvia teus vagidos entre tranças
Tentando lapidar a vaga ignorância
que não imaginava o quanto me amavas.
Hoje descansas entre outras flores
De um outro jardim
- Adubo de dores!
Devaneio de amor da tua mocidade
A regar o limbo da tua alma;
E junto à sombra desta folhagem
Que aconchega triste a tua imagem
Vegeto na idade da minha saudade.
Se foste, para meu futuro não tê-la;
Deixando-me jardineiro
- Sonho solitário!
Vivo a regar o que a nós sonhavas;
E ante aos calos dessa nova vida
Já sinto vagas nas minhas feridas
Abrindo passagem a outras idas
E ainda vago no quanto me amavas.