Adubo de dores

“Talvez eu tenha morrido há tempos / e cravado fiquei nos muros de sonhos e de dor / talvez também / eu tenha esquecido / de procurar no teu coração / o sentido da frase quem sou” ( Carlos Edu)

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Tua alma dormia sob meus cuidados

Sem hora marcada

- Sem amanhecer!

E o dia agonizava enquanto apagavas

As sombras das flores do nosso jardim;

Não ouvia teus vagidos entre tranças

Tentando lapidar a vaga ignorância

que não imaginava o quanto me amavas.

Hoje descansas entre outras flores

De um outro jardim

- Adubo de dores!

Devaneio de amor da tua mocidade

A regar o limbo da tua alma;

E junto à sombra desta folhagem

Que aconchega triste a tua imagem

Vegeto na idade da minha saudade.

Se foste, para meu futuro não tê-la;

Deixando-me jardineiro

- Sonho solitário!

Vivo a regar o que a nós sonhavas;

E ante aos calos dessa nova vida

Já sinto vagas nas minhas feridas

Abrindo passagem a outras idas

E ainda vago no quanto me amavas.

Kal Angelus
Enviado por Kal Angelus em 01/07/2006
Reeditado em 01/07/2006
Código do texto: T185481