Sem Tema ( por Nalba Caroline)

Eu não sou você

mas de alguma forma

os meus gestos sentem os teus,

as minhas mãos cantam tuas palavras,

como o eco de um canto ao longe,

porém mais rude e ilegível.

Eu falo de mim ouvindo os teus complexos,

sentindo a taquicardia dos teus amores naufragados

pela fúria dos teus dias de prisioneira...

E quando conto algo engraçado,

quando forçadamente sorrio,

me vem o som da tua risada

massageando os meus sentidos...

Eu não sou você,

mas você está em mim,

no jeito apressado com que ando nas ruas

sorrindo para quem me sorri,

com medo de que me vejam tal como sou

e tenham pena ou fujam de mim...

Eu não sou você,

e é tão difícil dizer que não te vejo

no meu jeito furioso de viver!

A velocidade da trova ficou menor em mim,

e sem nexo quase parou no interlúdio desse fim!!

Tropeçou no ensejo do teu coral...

Ficou avulsa na redondilha,

de forma que mudei em ti sendo igual,

sou teu avesso... e pareço tua filha.

Mas, você?

Você sabe o mundo,

sabe lacear a corda.

Sabe até o que é vencer!

... mas não se recorda!

Você sabe ser, e isso

eu não sei!

Por isso me despeço,

porque não posso...

...Eu não sou você!

AUTORA - Nalba Caroline.

(Este poema foi escrito por minha irmã mais nova, ela o enviou no dia do meu aniversário. Eu, particularmente, acho que ela escreve muito bem, apesar dos pesares, apesar da falta de conhecimento no tocante às Letras, apesar da falta de acesso à tecnologia e outros... porém ela não nega que herdou esse dom que partiu de nosso pai, e que a falta de acesso foi compensada pelo dom, preenchendo com perfeição tudo aquilo que se necessita num poema!

Este poema muito me emocionou, pois além de sua beleza ele revela sentimentos que eu sei, são verdadeiros! E foi um desabafo de uma irmã que há muito não vejo!

Te Amo Carol!

Júlia Carrilho Lisieux
Enviado por Júlia Carrilho Lisieux em 01/07/2006
Reeditado em 30/07/2008
Código do texto: T185661
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