RUÍDOS MUDOS

Sou o grande amor da solidão:

seu anel, seu rosário,

sua caixinha de música.

Durante o dia, me reparte

ao sol. Em qualquer horário

resta-me a um canto silente.

Povoa-me de bocas risonhas

a entoar cantigas não minhas.

Encontros cativos de ladainhas.

Tudo é afastamento

na lassidão de meus olhos desprevenidos;

ruídos mudos, transidos.

E eis que o nada, príncipe

destes tempos, surge.

(do livro TREM DAS PALAVRAS, 2011)

alfredorossetti.com