Sortilégio

Haverá um tempo sem contratempo

onde meu tempo não seja contado,

onde não seja eu a estranha mutilada,

onde meus desejos sejam materializados

nas alquimias de uma vida fantasiada.

Sendo artista ou mera ouvidora de palavras,

dando de mim o que tão pouco me resta

ou o que demais tenho em vidas contadas...

Equilibrista nas alegrias, por tanto ferida,

em meio aos escombros desse preconceito,

ora sã, ora sonhadora, enlouquecida,

trajando em pelo o nu desbotado que creio.

Ser em minha verdade o jazigo desfalecido

das serpentes que rastejam aos meus pés

tentando envenenar-me o espírito...

Em tempestade lanço a sorte aos quatro ventos,

incenso sobe desenhando o sortilégio à direita,

o altar de pedra carrega a vela que acendo

enquanto queima o mal que o bem rejeita.

Que seja luz a encontrar meus passos,

e assim, que seja de paz meu norte,

que seja em nome da vida todo começo e fim

e que seja em nome do bem o fraco e o forte.

Aisha
Enviado por Aisha em 11/10/2009
Código do texto: T1860788