Reagir
Quem já se equilibrou à beira do abismo
Quem se quedou ao chão, humilhado
Implorou sem ser ouvido
É cônscio dos percalços de viver
Sabe bem o que significa
Valer menos que mordida em pão bolorento
Valer menos que arroto, que saliva
E escarro na escada da estação
Não ser convidado para festas
Entrar pela porta de serviço
Ser por Deus castigado
Pelos seus renegado.
E, apesar de tudo, vivo está
É preciso, bem depressa
Levantar-se
Reagir
Procurar nunca mais rastejar
Nunca mais se entregar
Nunca mais se dobrar
Afastar-se de ilusões, emoções
Que afastam o andarilho
Da estrada lateral
Que esta vida não permite, não consente
Que infelizes suas lágrimas justifiquem
Que os tolos inocentes se desculpem
Que os fracos se omitam.