"ANTÍPODAS CLIMÁTICOS"

SECA.

O flagelo do sertão nordestino.

O céu anualmente azul e a presença de esparsas nuvens brancas.

Um vento cansado, quase morto.

O sol escaldante a desidratar rios e açudes,

Provocando o surgimento de rugas no solo argiloso –

Rugas que também são deveras encontradas na pele do homem sertanejo.

Animais definhando de inanição por todos os lados.

Migrações.

Tudo isso mesclado ao cinza da vegetação ressequida: a Caatinga.

Uma paisagem completamente inóspita.

Um lento processo de desertificação.

INVERNO.

Retorno das águas desertoras.

As chuvas caem do céu como uma dádiva de Deus.

Tudo no sertão torna-se festa.

O verde brota novamente da terra e sobre a terra.

Os riachos voltam a correr em seus leitos até então enrugados.

Os animais retornam a seus habitats de origem.

É a vida ressurgindo, de forma repentina, do praticamente nada.

Contudo, se no sertão a chuva é recebida com euforia,

Nos grandes centros urbanos ela assume o papel de vilã.

Provoca inúmeras enchentes,

Deixando um enorme exército de desabrigados

Que iniciam uma incansável batalha para reconstruir suas vidas.

Não seriam, a seca e as enchentes, vinganças da Natureza

Ante as crescentes agressões desferidas pela humanidade?

Rustin
Enviado por Rustin em 14/10/2009
Código do texto: T1865837
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