EU?... POESIA!


Deixei o frio concreto, o chão infértil.
Libertei a essência que vivia triste e muda.
Com a matéria, fiz uma permuta,
algo assim meio secreto:
hoje sou abstrato, o que se transmuta.
Pois enquanto ser, eu não existia,
submersa em sombras que me consumiam.

Cansei de perder-me em agonias
e procurar-me em escombros inexistentes...
Nesse trato me revelo desnuda,
sou aquela que às escondidas
tecia fantasias bordadas de estrelas,
voava nas asas da harmonia.

Nesse novo projeto, me expresso,
sou palavras,
as que sempre em mim guardava
e àquelas que queria ouvir
de quem não as podia dizer.

E assim, sem mágoas,
sou música que canta o amor,
o que sempre quis ter...

Sou melodia que acalanta a dor,
brisa suave e amiga
que acaricia a saudade doída,
sou tempo eterno no caminhar dos ventos,
desdobrando-se em diversos momentos.

Sou a alma do poeta, sua luz em verso,
a paixão que completa o uno da estesia,
o sorriso que nasceu da lágrima concebida.
Sou a razão da sensibilidade, o imaginário...
O poema em seu relicário.

O sol de cada dia, que alumia a escuridão
em rimas de alquimia.
A lua, que sempre encanta os sonhos,
que germinam em terra úmida e fértil.

Sou o sopro da vida,
que antes em mim não existia...
Nos braços do firmamento
vôo livre e feliz
e quando os astros perguntam
quem sou,
meu olhar brilha de encantamento
e respondo :
EU?...POESIA!



01/01/2007
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 14/10/2009
Código do texto: T1866411