QUEM SOU?

Da criança guardo as lembranças,

Do mais belo tempo!

Pés descalços

Sem medo dos percalços,

Cabelos ao vento, tudo,

Tudo era de momento.

Do faz-de-conta à realidade

Era coisa de criança - Infância!

Porém, menina,

Tu já não és mais criança,

Anda, vai, avança!

Quão triste despertar!

E o faz-de-conta?

Esquecido se encontra

No mundo dos sonhos,

Onde a realidade não ousa entrar!

Busco, rebusco, já

Não consigo encontrar

A criança de pés descalços,

Cabelos ao vento e sem medo,

Na sua realidade de faz de conta.

Estendo um pouco mais a esperança

De ver ao longe a menina descalça,

Não a vejo, o tempo tornou-se real,

A menina foi despertada de súbito.

E não mais lhe e permitido sonhar!

Já não era mais criança, precisava avançar!

Quem sou?

Vejo-me,

Entretanto não me reconheço,

Tenho hoje preocupações até medo,

E não me permito os meus pés descalçar.

Um pouco mais de gel

E o mesmo coque.

É, parece muito bom, estou pronta.

Ufa! Lá vou eu a realidade enfrentar.

Mãe, mãe... Acorda!

Mãe, e o pão...?

Mamãe, anda!

Espelho, espelho meu...

Querido, tempo mais não dá

Para sonhar, tampouco,

Para me encontrar

Ei, mulher, eu sei...

A muito deixaste de ser criança,

Não... Não, lagrimas, não, avança!

Mãe... Não, fui eu...

Foi ele sim, mãe.

Não, não fui eu.

Tá bem, chega, acabou!