AMARGURA
Nunca mais sentirás, jorrando n'alma,
o vinho oriental das recompensas:
a ressonância bíblica de um beijo...
a cantiga dourada de um sorriso...
a claridade fresca de um perdão!...
Somente encontrarás,
polichinelo trágico das ruas,
dor e miséria... intriga... indiferença...
amigos mortos... corações de sombra...
mascarados grosseiros... desencantos...
mulheres magras, implorando pão!...
Verás, também, deitados nas esquinas,
O cadáver comprido da vontade,
a memória tristíssima da Vida,
o velório fluídico da Luz!...
E, além da vida -- rude e torturante --
estrelada de guizos tilintantes,
a sombra ensangüentada de uma cruz!...