E insisto...
Sei que não sou poeta.
Então, por que insisto
se poeta não nasci?
Pensamentos vazios,
sentimentos frios,
inspiração senil,
musas não habitam
o jardim que construí,
chão de pedra,
água turva,
galhos secos.
Corro.
Socorro!
Só corro
atrás de versos pueris
em cantos tortos,
pretenciosos,
banais.
Desisto?
Não consigo
e não resisto
a mais uma estrofe quebrada,
oca,
imperfeita,
desprovida de senso,
invejosa da arte alheia.
Não sou poeta
e insisto.
Talvez, na folha branca,
um doce verso me surpreenda,
inesperadamente...
arrebatante...