Cuspindo marimbondos

Estou cuspindo marimbondos

andando de senho derrubado

pés querendo comer kilômetros

Estou amarga pelos cômodos

a alma no corpo chumbado

concebendo logros aos metros

Estou andando em círculos fechados

pisando brasas, lambendo fogo

numa distância insuportável de ser

Estou menos viva e mais rude

suplicando que a solidão me abrace

nas noites e dias que fujo de viver

Fui aquém de mim, além do que pude,

e para a covardia não há disfarce

então, morro ou mato esse sofrer

Estou cuspindo marimbondos

não de fogo; de ferrões em brasa

que me saem queimando pela boca

Palavras rasgando a garganta

e outras tantas que não desentalo

envenenando-me até o talo

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 18/10/2009
Reeditado em 18/08/2013
Código do texto: T1873438
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.