A CAIXA

Hoje abri minha caixa de lembranças

Não imaginava, o quanto, pesada estava.

Guardo ali muitas recordações.

Umas são boas outras nem tanto.

Algumas antigas igualam-se a própria caixa.

Também, lá estão as mais recentes.

Na caixa há: sabores, dores, perfumes, amores,

As minhas memórias. Que saudade!

Quase chego a personifica-las.

Será que deliro? Não, não pode ser!

Sei o que são - apenas sentimentos são.

Fazem parte de mim e não as quero esquecer.

São despropósitos de uma paixão.

Sobrepondo-se a lucidez à razão

Mas, que mal pode ter ou fazer?

Somente são reminiscências da emoção.

Revendo-as sinto ainda que metafórico

Cor, sabor, odor, um imenso prazer.

Essa agradável sensação inebria-me

Ah, que delicia é a magia da recordação!

Na nostalgia do encanto tomado pela comoção

Ébrio, e, sem lamentar fecho a caixa – minha paixão.

Onde lá dentro deixo as prendas raras do meu coração

Guardo-a com carinho refazendo-me da perturbação.

Um momento...

Sim, o que queres?

Que...?! Não, não estou chorando.

Só um pouco de saudade saturada de emoção.