ÉS A RAZÃO DO MEU ÓDIO
Ser abjeto, miserável e vil
como lembrar que um dia te chamei de amor
partilhei meu dia, minha vida, meu calor
te mostrei o mundo, não te percebi cruel.
Por mais que o mundo gritasse e a tua insanidade me fizesse mal
tentei em vão caminhar contigo
sem perceber cultivava um inimigo.
Das grosseirias e acusações
apenas lágrimas deixava escapar
tentando compreender os teus motivos
para não revidar aos teus ataques.
Todo bem que te fiz foi tudo em vão
quando de mentiras e injúrias me cobrias
bastou a alegria brindar meu dia
para quereres destruir minha reputação.
Mas entre nós um abismo indelével
que em nenhum momento será transposto
fui e sou sempre digna e fiel
aquilo que mostra minha vida, meu rosto.
Esses anos de dor, tristeza e abandono
não criaram raízes, não macularam meu coração
resta serena minha paz,minha consciência e emoção.
Quanto a ti, ser infeliz e desconfiado
nem a piedade podes de mim receber
todo o mal que me quisestes fazer
sobre ti mesmo repouse como adaga
minha lança repousa intocada
pois contra ti não moverei um só dedo
deixo a mercê do Supremo Oleiro
que te vê semeando lágrima, dor e desespero.
Num breve momento que recordo tua existência
apenas e nesse pequeno instante
te desprezo companheiro desgraçado
e com o coração amordaçado
sinto a imperfeição da natureza humana
por que nesse fulgaz instante
és a única razão do meu ódio.