Poema do amor finito

Amei em ti o que foste brevemente

Sob o encanto de meus olhos enlevados,

Com o brilho de um olhar enamorado,

A porção de ti que menos te pertence.

Amei em ti uma grandeza inexistente,

Uma nobreza de alma que somente eu via.

Amei-te como quem ama o raio de sol

Que o nascer do dia anuncia.

Amei-te com a cegueira dos amantes

Que nada enxergam sob a cortina da paixão;

Amei-te e foste perfeito naquele instante,

em que me roubaste corpo, alma e coração.

Amei-te por inteiro, tolamente,

Como amam os românticos inveterados,

Sem medida, sem limites, sem pudor,

Com gestos desmedidos, desvairados.

Mas o tempo, silencioso e eterno aliado

De quem por amor sofre, sem ser amado,

Presenteou-me com o esquecimento.

E se hoje penso em ti com brevidade,

Não sinto dor, tristeza ou saudade.

És apenas volátil pensamento.

Shirley Carreira
Enviado por Shirley Carreira em 26/10/2009
Reeditado em 30/10/2009
Código do texto: T1887181
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.