Centelha
Ao invés de vagos e desatentos
Queria-os desenhando movimentos,
Não essa órbita desencontrada e vazia
Nesses meus olhos sem sinfonia.
Que não fosse papel ao alcance das mãos
Um roteiro preciso e um firme timão.
A costa se afasta como um martírio
À revelia das braçadas em delírio.
Mais longe que pode ansiar o desejo solitário
Uma multidão de sonhos temerários;
Tingem de infinito minhas palpebras inquietas.
Articulo em vão, libertas palavras incertas
E no vão de muitas dúvidas escorridas
Corre um lençól de mágoas varridas.
Queria em chamas ver o mar da aflição
Não um rio seco que busca o mar da solidão.