SEM VOLTA


Sei que não mais terei juras de amor,
em teus olhos não hei de ler
paixão, em brilho sedutor.
Sombras da noite já cruzei
e dias escuros esconderam
as dores, que em saudades chorei.

Em nuvens densas vivi a solidão...
Nas noites insones, delirei, febril nostalgia
tentando resgatar a plenitude do sonho,
que foi meu um dia!

Agora sei, a emoção acabou...
Abro a janela do tempo,
ao passado não mais irei!
Sacudo poeiras de sentimentos
e liberto o sonho que não sonhou!

Guardarei lembranças, foi bom o tanto que durou!
Não consigo viver em corda bamba
como um malabarista de rua,
equilibrando-me entre mentiras e fantasias,
desato minh'alma da tua!

Liberta de correntes, caminharei serena
enquanto sorves o cálice doce das utopias
e pensas, que a vida sem alianças é plena...

Cedo-te a tua tão sonhada liberdade,
aquela que tanto querias!
Use-a com vigor e intensidade,
só não me venhas com lamentos
ao colocares a vida na balança
e quando, no acordar da letargia
descobrires o quão fugaz e abstrato
era o mundo vazio, em que vivias!

14/06/2009
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 31/10/2009
Reeditado em 07/12/2009
Código do texto: T1898223