Mudez

Eu vos alumio agora, na veia dos excessos,

A funda cousa que me guia e que me inflama,

A orla obscura que atrás do peito se declama.

O que não possuo em falas, calo nestes versos.

No baldado discernimento de meu olhar arguto,

É que cresce, canta, a voz suave em meus retiros,

Na inalterável nota a solidão reprime meus suspiros,

E deste mal do espírito a poesia arqueia, se faz fruto.

É a vida em afasia que me desperta vil desgosto!

Prostrando-me na lapa triste, em sua brisa fraca,

A regalar-me entre os dentes, da terra o podre gosto.

Da pupila aos lábios pregam as lágrimas, feito laca,

A sinfonia espelha nas verdes órbitas de meu rosto,

E sequer um vivo sopro evade de minh´alma opaca!

Myrna RRP
Enviado por Myrna RRP em 08/07/2006
Código do texto: T190050