Coração - série três poemas de amor - I (2004)
Encontro-te,
Encontro-te após longa jornada
em vida fria
Encontro-te _ não retornastes da Bahia _
como dizia
E eis que fez-se luz todo o meu dia
(posto que nem bem partistes já volvias)
e como é belo o meu dia.
Em noite fria
O calor nos teus beijos
Nos meus beijos
O frio em meu corpo
_ solidão dos abraços _
Desterro, deserto,
(desfez-se o encanto)
do desencanto
no desenlace
da vontade...
(é da vontade)
_ que nos queiramos.
Largado o porto
Calcado o indivíduo
A mentira da carne
_ na carne da carne que não sou eu _
pôs-se a largo no deserto da esperança em que fazia-se vontadezinha
e retorna a manso.
Eu, teu, te amo tanto que da noite
A noite
que fez-se dia
Tanto te amei vi que partia e
_ puta que pariu!
Eu te amo, juro, crê pois que
em mim então
dizer-te-ia a noite:
'por mais que procures esse amor meu não encontrarás tu
em nenhum outro braço
ou abraço...
mas no meu.'
Fez-se dia
(é tempo de esperança)
Ainda há tempo para a vontade
Ainda resta um beijo meu!
Vem,
Vem, que a Bahia nem é tão bonita
Vem que a manhã não verá outro dia
Vem que o tempo passa
(é um segundo só hoje)
e a vontade sofre
_o coração está enfermo
(tudo dói)
_ e alguém aqui te ama.
Encontro-te sozinho na vontade
Encontro-te na saudade
Encontro-te aqui em um abraço teu.
(como te amo)