Maio

Há um mês foste-te embora

E eu sofro de ti distante,

Em vão viceja agora

O lilás fresco e cheiroso.

A sós, fujo ao claro brilho

Deste céu que me exaspera,

Pois aumenta o horror do exílio

O esplendor da primavera.

Contra os vidros transparentes

Da alcova de onde saio,

Batendo as asas trementes

Ouço os insetos de maio.

Do sol ao cintilante beijo

Cerro os lábios, desgostoso,

E só, do lilás desejo

O úmido ramo cheiroso;

Pois em maio às suas dores,

Do lilás, minh’alma em ânsia,

Vê teus olhares

Nas flores,

Teu hálito

Na fragrância.

Francis Coppée

Paris/1865.

Stela Figueiredo
Enviado por Stela Figueiredo em 02/11/2009
Reeditado em 24/01/2012
Código do texto: T1901291