Maio
Há um mês foste-te embora
E eu sofro de ti distante,
Em vão viceja agora
O lilás fresco e cheiroso.
A sós, fujo ao claro brilho
Deste céu que me exaspera,
Pois aumenta o horror do exílio
O esplendor da primavera.
Contra os vidros transparentes
Da alcova de onde saio,
Batendo as asas trementes
Ouço os insetos de maio.
Do sol ao cintilante beijo
Cerro os lábios, desgostoso,
E só, do lilás desejo
O úmido ramo cheiroso;
Pois em maio às suas dores,
Do lilás, minh’alma em ânsia,
Vê teus olhares
Nas flores,
Teu hálito
Na fragrância.
Francis Coppée
Paris/1865.