Inverno

gosto de misturar as palavras

com as cores do dia

as pedras roladas húmidas dos ribeiros com as ideias

beber os sorrisos das jovens com o verde viçoso das folhas

misturar o separado com o junto

as bicas com as línguas

as serpentes com as mãos.

As belas com as feias

correr o vento com o passo macio do meu andar

uma coisa com outra

para o abraço do verso

sublimar o vazio com coisas cheias

os gatos com as crianças

os elogios com as texturas

os poemas com os homens

construir um mundo onde se caiba direito com a imaginação em espiral

revolvendo a memória cinzenta

na lareira rubia

no namoro ao meu coração

encontrando o amor nas esquinas das nuvens que

se bamboleiam na esperança dos olhos e dos olhares

no longo Inverno

em que se pensa

e de tanto se pensar

se mata!

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 09/07/2006
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