Inverno
gosto de misturar as palavras
com as cores do dia
as pedras roladas húmidas dos ribeiros com as ideias
beber os sorrisos das jovens com o verde viçoso das folhas
misturar o separado com o junto
as bicas com as línguas
as serpentes com as mãos.
As belas com as feias
correr o vento com o passo macio do meu andar
uma coisa com outra
para o abraço do verso
sublimar o vazio com coisas cheias
os gatos com as crianças
os elogios com as texturas
os poemas com os homens
construir um mundo onde se caiba direito com a imaginação em espiral
revolvendo a memória cinzenta
na lareira rubia
no namoro ao meu coração
encontrando o amor nas esquinas das nuvens que
se bamboleiam na esperança dos olhos e dos olhares
no longo Inverno
em que se pensa
e de tanto se pensar
se mata!