A UMA MULHER SEM NOME

talvez terei uma amante

uma mulher para amar

nas minhas horas vazias

que não me faça lembrar

os formalismos sociais

a agenda da semana

as agruras do dia-a-dia...

talvez terei uma amante

que possa me amar

nas minhas horas tristonhas

uma paixão desmedida

verdadeira ou mentida

pras minhas tardes risonhas

talvez terei uma amante

que queira me amar

naquelas horas inúteis

quando se fala bobagens

a sonda que foi a Marte

a nova taxa SELIC

ou outras coisas fúteis

terei talvez uma amante

do tipo intelectualizada

quixotesca e atrevida

que discuta Dostoievski

Nietzache, Schopehauer...

que me ame por toda vida

serei eternamente amante

daquela mulher sem nome

que entende de almas tristes

que fala de coisas simples

e nas noites escuras sem fim

possamos ouvir as estrelas

entretê-las e fazê-las dormir.

João Nery Pestana
Enviado por João Nery Pestana em 09/07/2006
Código do texto: T190821