Cidade
A cidade afinal é calma
Com tudo no lugar:
Os autocarros vão a horas
E as pessoas têm tempo de jantar
As luzes nas janelas, brilham, fazendo um luar
Os faróis dos carros são estrelas que mudam de lugar
A policia na rua circula a vigiar
Os ladrões obedecem, escondidos a espreitar
Os letreiros escarlates anunciam o que há pr’a comprar
Os olhos dos pobres desviam o olhar
As ruas correm a serpentear
Os prédios direitos onde todos vão morar
Nos cafés ,as mesas, em fiada a alinhar
As pessoas sentadas num bom murmurar
As bibliotecas fechadas, a descansar
Os leitores saciados vão para casa sonhar
Os hospitais grandes e inteiros dispostos a curar
Os doentes confiados entram a esperançar
E subo depressa pr’a cima p’ro ar
E vejo a cidade ,calma, a funcionar
Só a alma que tenho, não quer trabalhar
Porque não encontra verdade ou sal para a pôr a amar