Cidade

A cidade afinal é calma

Com tudo no lugar:

Os autocarros vão a horas

E as pessoas têm tempo de jantar

As luzes nas janelas, brilham, fazendo um luar

Os faróis dos carros são estrelas que mudam de lugar

A policia na rua circula a vigiar

Os ladrões obedecem, escondidos a espreitar

Os letreiros escarlates anunciam o que há pr’a comprar

Os olhos dos pobres desviam o olhar

As ruas correm a serpentear

Os prédios direitos onde todos vão morar

Nos cafés ,as mesas, em fiada a alinhar

As pessoas sentadas num bom murmurar

As bibliotecas fechadas, a descansar

Os leitores saciados vão para casa sonhar

Os hospitais grandes e inteiros dispostos a curar

Os doentes confiados entram a esperançar

E subo depressa pr’a cima p’ro ar

E vejo a cidade ,calma, a funcionar

Só a alma que tenho, não quer trabalhar

Porque não encontra verdade ou sal para a pôr a amar

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 10/07/2006
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