A Adaga no Quintal

Plantei uma adaga no quintal

Sob a copa da mangueira

Suas raízes se espalharam mal

Tais as da amoreira.

Plantei uma adaga no quintal

Com zelo, amor e bondade

De todo esforço final

Germinou o rebento, a Jade.

Plantei uma adaga no quintal

O tempo fez negra a lâmina

De ferrugem incrustada e tal

A inocência suprimida e lânguida.

Plantei uma adaga no quintal

Meus vizinhos a identificaram

O empunho mal cheiroso a quadras

As famílias representadas ficaram.

Plantei uma adaga no quintal

Com espírito fugidio na chegada

Sua ponta bipartida e amolada

Luzidia, arrogante e infernal.

Plantei uma adaga no quintal

Criou pernas, me deixou

Libertou-se a carro e nau

Um filhote defecou.

Enterrei o filhote no quintal

Prima vez errada, chega então

Os vizinhos a me quererem mal

Acolheram-no e o criaram como irmão.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 10/07/2006
Código do texto: T191068
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