PEGADAS

O sol, o brilho das estrelas

E o reflexo do luar

Tudo isso é precioso como você;

Certas noites eu me sinto sozinho

Mesmo estando com alguém

E poucas luzes formam imagens

Em sombras na parede do meu quarto;

Sua presença é imaginada

E vejo vertigens sem valor

Como pegadas em minha mente

E rastos de serpente

Infundidas em uma flor;

O mar, as ondas e a garoa

Tudo isso é importante

E bonito de se ver;

No espaço do tempo e em dias frios

Sinto-me triste

E a lembrança me consola;

Muitas luzes ofuscam meu olhar

E respiro fundo

E não podia imaginar raridades do mundo

E pensei em você;

Longe estive com pensamentos

Fixados ao oceano

Em que você bailava entre as ondas

E que terminava

Sempre caindo nas areias

Exatamente o que acontece com meu coração

Nessas areias ficaram marcas

Exatamente as que moravam

No meu peito ali introduzido

E pegadas que você deixou

Exatamente um vestígio

Que ninguém notou

Somente eu tive prestígio

Pois fui o único que a amou

Nas lacunas deixadas

Esta solidão

Talvez um castigo, eu preciso

De consolação

Tenho um amigo

Que ocupa o lugar de irmão

E sei que ele me protege do perigo

De ficar e permanecer na escuridão;

Temos um pai que nos vigia

Noite e dia

Que na natureza sobressai

É alegria

E com isso meu pensamento cai

Estou em harmonia;

Peço a ele que abençoe

A minha vida que possui ferida

E uma certa agonia

Que se transforma em fogo

E queima a esperança

Porém uma chuva vem

E faz cessar o tédio;

Nuvens esconderam o luar

Talvez o luar se escondeu entre elas

Mas o orvalho vai se formando

E no decorrer disso sangue derramando

Horas marcadas de um compromisso

Esqueci chorando

E sua imagem resplandece mais uma vez;

O luar não tem estrelas

Pois elas não brilham mais

Meu olhar não pode vê-las

Pois vê-las não sou capaz

E precipito ao sonhar

Nada me tinha a fazer

E você em mim está

Fez assim compreender

Que o sono não vai chegar;

Imagens se formando

Isso não esperava

Pois elas desaparecem

E o seu rasto desmanchava

Tão rápido que esquecem

E a sombra ficava;

Sendo assim saí

Já que meus olhos permaneciam

Abertos

E esta noite fria prometia

Algo incerto

O que Deus cria é coisa certa

O homem hipócrita

Cria coisa em vão

Em sua minoria são portas abertas.

Pelo caminho que eu andei

Encontrei pedras e espinhos

Subi ladeiras e atravessei rios

Isso tudo? Pensei...:

_Caminhava sozinho à noite

Pela ventania

E via surgir

Bem mais belo

O sol de um novo dia.

Júnio Dâmaso
Enviado por Júnio Dâmaso em 11/07/2006
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