Um gaúcho
Eta Gaúcho bagual,
Que só pensa em animal,
E trata por igual,
Quem não lhe quer nenhum mal.
Sonha o Gaúcho com as tropilhas,
Enxerga só coxilhas,
Nos matungos põe sua lida,
Esquecendo da própria vida.
Assim, de tropeada a galopada,
Deixa quem diz amada,
Na eterna saudade,
De ter sido enamorada.
Com seus filhos desleixado,
Deixando-os exilados,
Pela paixão maior de tropeiro,
Quando nenhum gaúcho tem pra herdeiro.
Os anos passam,
No descompasso da família,
Rompendo tudo já que nada se filia,
Amargando à revelia.
Te aquerenciando em apartado,
Deixa os teus de lado,
Causando maior ferida,
Que nem unguento da vida a deixará menos ardida.
Tua espora mantém no viço,
O bucal de prata te faz feitiço,
E sequer domas teu destino,
Acaba qualquer amor sem tino.
Tarde Gaúcho bagual,
Quando perceberes que a vida nada tem de anormal,
E que teu sonho animal,
Não compõem nenhum musical.
Nesse adiantado da hora,
Pelo que parece não demora,
Te verás da completa agonia,
De uma existência sem harmonia.
A solidão te abaterá,
E aos teus nada restará,
Se não o sonho de ter acontecido uma união real,
Onde jamais foste fraternal.
E assim Gaúcho bagual,
Terás como par um animal,
O que talvez seja teu ideal.