Um gaúcho

Eta Gaúcho bagual,

Que só pensa em animal,

E trata por igual,

Quem não lhe quer nenhum mal.

Sonha o Gaúcho com as tropilhas,

Enxerga só coxilhas,

Nos matungos põe sua lida,

Esquecendo da própria vida.

Assim, de tropeada a galopada,

Deixa quem diz amada,

Na eterna saudade,

De ter sido enamorada.

Com seus filhos desleixado,

Deixando-os exilados,

Pela paixão maior de tropeiro,

Quando nenhum gaúcho tem pra herdeiro.

Os anos passam,

No descompasso da família,

Rompendo tudo já que nada se filia,

Amargando à revelia.

Te aquerenciando em apartado,

Deixa os teus de lado,

Causando maior ferida,

Que nem unguento da vida a deixará menos ardida.

Tua espora mantém no viço,

O bucal de prata te faz feitiço,

E sequer domas teu destino,

Acaba qualquer amor sem tino.

Tarde Gaúcho bagual,

Quando perceberes que a vida nada tem de anormal,

E que teu sonho animal,

Não compõem nenhum musical.

Nesse adiantado da hora,

Pelo que parece não demora,

Te verás da completa agonia,

De uma existência sem harmonia.

A solidão te abaterá,

E aos teus nada restará,

Se não o sonho de ter acontecido uma união real,

Onde jamais foste fraternal.

E assim Gaúcho bagual,

Terás como par um animal,

O que talvez seja teu ideal.

selene
Enviado por selene em 11/07/2006
Código do texto: T192147