Soneto ao submundo

Deixe-me dizer-lhe, de angústia tesa, este trecho,

Que ressoa intrincado, dentre os porões ardentes.

Liberta-te, por instante, do fulgor das vertentes,

E adentra meu espaço, singular, atrás do fecho.

É aqui onde habito, desde a concepção enganada,

Entre os campos mimosos de flores campestres.

Internada, sozinha, entre uma beleza silvestre,

Nos cumes distantes, sentada sobre a trovoada.

Aqui não há vento cortante, só delinqüência juvenil,

A constante que ostento é este amor no submundo.

Por tal, tranco-me do externo, onde tudo me é feril.

A maleficência humana, este horror nauseabundo,

Que tento esquecer, segue-me, esta mazela senil!

Triste é saber, que morre em mim todo um mundo.

Myrna RRP
Enviado por Myrna RRP em 11/07/2006
Código do texto: T192166