Soneto ao submundo
Deixe-me dizer-lhe, de angústia tesa, este trecho,
Que ressoa intrincado, dentre os porões ardentes.
Liberta-te, por instante, do fulgor das vertentes,
E adentra meu espaço, singular, atrás do fecho.
É aqui onde habito, desde a concepção enganada,
Entre os campos mimosos de flores campestres.
Internada, sozinha, entre uma beleza silvestre,
Nos cumes distantes, sentada sobre a trovoada.
Aqui não há vento cortante, só delinqüência juvenil,
A constante que ostento é este amor no submundo.
Por tal, tranco-me do externo, onde tudo me é feril.
A maleficência humana, este horror nauseabundo,
Que tento esquecer, segue-me, esta mazela senil!
Triste é saber, que morre em mim todo um mundo.