Recebendo Drummond
Angélica T. Almstadter
Eu encho minhas taças de chuvas,
Me embriago no perfume de jardim,
E pra namorar , só quero as serenatas.
Gosto das coisas simples,como as uvas,
E esse desejar dirigido a mim,
Me remete o pensar na infância;
No pula pula de amerelinhas,
Nas matinés de domingo, na algazarra,
Na grandes cirandas e no passa anel,
Fragmentos que com elegância;
Desfilo em brancas linhas,
Tempo de prazer, nas ingenuidade das farras,
Quando não se falava tanto em fel,
Hoje, sem violão e sem seresta,
Longe da meninice, do rosto de lua;
Recosto os olhos na linha do horizonte,
Desenho contornos, com o olhar esquecido.
No silêncio que a hora pede, abro uma fresta,
Para sussurrar a palavra que em mim flutua,
Não sei em que dia ou hora, mas uma ponte,
Sei que me levará ao paraíso perdido,
E pela magia dessa única palavra viva,
Que liga o ontem ao amanhã, aqui e agora.
Amor, a chave que a tudo anima e dá sentido,
Pacato e meigo nessa roda viva,
O amor é prenda, é prêmio que se renova.