Na pele...

Angélica T. Almstadter

Quero-te hoje em meu leito,

Inteiro. Refeito. Totalmente aceito.

Quero-te aqui, bandido, amigo,

Vem e habita de vez na minha tez,

Me faz o teu céu, desnuda-me em mim o teu véu.

Me aceita como tua eleita,

Passeia na minha nudez,

Desanda na minha insensatez;

Que hoje te quero terno,

Conhecer teu inferno.

Não espere que eu reflita, que seja bendita.

Quero soltar o bicho que vive amordaçado,

Amedrontado, alucinado.

Liberta na insanidade, gozar de verdade;

Longe da maldade beber a felicidade,

De provar o sabor do teu doce pecado.

Vem, e assina em mim o teu prazer,

Te quero teso, ileso, inundando meu ser.

Quero-te assim como me conhece,

Pela paz que em nós se aquece,

Como em ti me reconheço,

Sem certo, sem avesso.

Quero em ti me perder, em ti renascer.

Eu sei o que quero, o que espero;

Esse amor que não pondero,

Porque te quero na pele;

Como luva que adere.

Ah! E como te quero, livre e solto;

Cavalo selvagem, mar revolto,

Sem travas e sem reservas, preso em minhas pernas;

Voando e voltando ao meu regaço,

Sem correntes, sem laço,

Amado e amante, imerso em mim até a raiz,

Contido no meu verso, como em mim

Transbordante e feliz;

Meu cúmplice até o fim

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 24/05/2005
Código do texto: T19228
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