Paralelos
Angélica T. Almstadter
Dei-te meu olhos quando cruzamos o paralelo
Era noite, e tu estavas, tão belo;
Mas não houve manhã, depois da noite mal dormida,
Não havia meridianos pra te encontrar,
Não havia chãos, não havia eus, antes da partida.
Ficaram teus olhos nos meus; os meus contigo se foram,
Antes que o vento dobrasse a primeira esquina,
Antes que a curva da primeira saudade ondulasse;
Fizeram-se laços, a nossa surdina.
Colei nas paredes os versos que dei;
Apaguei a luz, enrolada em mim, adormeci.
Tua voz rangia sem rumo, pelas calçadas.
Alta se fez a noite... até onde eu não sei,
Acordei e não estavas mais ali,
Perdi o caminho das tuas pegadas...