Paralelos

Angélica T. Almstadter

Dei-te meu olhos quando cruzamos o paralelo

Era noite, e tu estavas, tão belo;

Mas não houve manhã, depois da noite mal dormida,

Não havia meridianos pra te encontrar,

Não havia chãos, não havia eus, antes da partida.

Ficaram teus olhos nos meus; os meus contigo se foram,

Antes que o vento dobrasse a primeira esquina,

Antes que a curva da primeira saudade ondulasse;

Fizeram-se laços, a nossa surdina.

Colei nas paredes os versos que dei;

Apaguei a luz, enrolada em mim, adormeci.

Tua voz rangia sem rumo, pelas calçadas.

Alta se fez a noite... até onde eu não sei,

Acordei e não estavas mais ali,

Perdi o caminho das tuas pegadas...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 24/05/2005
Código do texto: T19233
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