Infarto

Angélica T. Almstadter

Não invada a minha veia,

Pra cessar essa sangria,

Estou enfartando de palavras,

Com estrangulamento da carótida,

Da forma mais exótica;

Por excesso de poesia!

Sente e devagar, saboreie;

Esse jorro em homilia,

Da minha adoração profética.

Sinta o gozo do conteúdo,

Em silêncio respeitoso,

Da minha forma fálica,

De usar a fonética.

Pra falar um pouco de tudo,

Vou em cortejo amoroso,

Desfiar verbos e versos,

Embolados e travados na goela,

Os meus universos;

Em dimensão paralela.

Minha voz metálica,

Martela sons, que imagino,

Alinhando em linhas cruas,

Palavras tão minhas e tão nuas.

Pranteio o meu culto,

De louvor e adoração,

Sem intenção de indulto.

Bebamos pois à nossa rebeldia;

À revelia dos infelizes,

Morramos de demência,

Amantes, nós, por convivência;

Das mesmas cicatrizes.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 24/05/2005
Código do texto: T19236
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