A Maldição dos Insetos
A folha de ipê a cair
Da bainha em ruptura
Vai a joaninha a sorrir
Na carona, com tontura.
Por delgada ser
Desce a folha, em rebolado
Mui contente em conter
O besouro bem montado.
Venta a incrementar as danças
Da linda folha e da joaninha
A se esbaldar feito crianças
Papagaio, amarelinha.
Na fria e erma paisagem
Mantém-se atenta a rainha abelha
Do enxame de passagem
Observando a viagem
Aguarda o pouso na aragem
Que com pluma se assemelha.
Indagado o coleóptero
Da sensação de liberdade
Como gracioso helicóptero
Extinguiu sua vontade.
Redargüiu à matriarca
Se nutria igual desejo
No embalo do ensejo
Nem sequer notado o pejo
Revelou a rente marca.
Estarrecida, disse a rainha:
Assassinastes a amiga folha!
Mastigastes a bainha
Premeditada e sem farinha
A abraçar o que não tinha
A mercê duma voltinha.
Selastes aí, o seu destino:
Vais viver como pessoa
Que em prol da vida boa
Saca d’outro, um bem mantido
Marido trai mulher
A mulher, o marido.