TELEFONE

Hoje as lágrimas insistem em querer fugir dos meus olhos,

o amor insiste em querer explodir em meu peito,

minha boca insiste em clamar o seu nome.

-Deus, onde está a paz à que todos os mortais é ofertada?!

Sinto-me como uma criança perdida no meio de uma multidão,

um sorriso amigo, um olhar carinhoso um olá talvez,

mas nada acontece, ninguém sequer me nota.

Minha cabeça dói, o mundo gira a meu redor.

Penso na morte, tenho medo da vida.

Onde estará meu pai? O que estará fazendo minha mãe?

Onde foram minhas irmãs?

Um sol negro cobre minha cabeça, uma águia dourada me

guia em direção ao abismo do esquecimento.

Os anjos parecem estar em dúvida entre me salvar ou não.

Mulheres que nunca vi choram por mim, uma delas diz

que me ama.

Uma mão luminosa é estendida até minha cabeça,

sinto meu corpo em brasas, me pergunto, se não são

os anjos que resolveram me ajudar,

Deus parece ter olhado pra mim. Uma paz toma conta

de meu ser.

O sol negro começa a clarear, a águia dourada muda a

direção para um jardim, um lugar tranqüilo,

sinto-me seguro novamente. Procuro pela mulher que dizia

me amar sinto que a verdade agora vai me abraçar,

olho pra ela e sem palavras, apenas um sorriso em

agradecimento, olho para o céu e, vejo os anjos formando

um corredor, continuo olhando e vejo Deus,

vindo ao meu clamor, recebo seu abraço e penso em dizer-lhe

o quanto estou grato, mas antes que pudesse falar algo,

Acordo com o toque do telefone!