Poesia.

Ainda não lavei as minhas solenes peças de roupa

Nem a minha angústia

Nem os meus quereres

E a insatisfação do mel

Que lambuza o corpo

E engasga todo o grito psitático

Das mulheres grávidas de sono,

Que é música aos meus gestos

Sentido para os meus olhos

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Ainda ouço a pancada

De tuas mãos leves

Em minha nuca

A poeira levantada

Sobre meus olhos e pés

Ainda ouço

Um corpo

Despejado

Na capoeira

- Fui pego pelas giestas -

Sei

Que não resistirei ao final de tudo

Não resistirei aos que chamam o tempo para si.

Aos que talham com habilidade

O juízo, e fazem dele

Uma sentença vazia,

Um suculento e macio fruto vermelho.

Parangolérico Kaloré Kerexu
Enviado por Parangolérico Kaloré Kerexu em 13/07/2006
Reeditado em 13/07/2006
Código do texto: T193373