Segredos do baú dourado


segredos,
eu os trago num
pequeno baú dourado
bem guardados

para que não sejam propalados

que não sejam  adúlteros
os meus lábios
em pronunciá-los
que não se precipitem
meus olhos
a publicá-los

segredos,
eu os sei inteiros
tão obsoletos
quanto a campânula
em que os vejo presos


é na tinta brilhante
que verte da caneta
que lanço sobre
a folha alva
em dose incerta
vestígios dos meus segredos

mexo e remexo
o baú dourado
na salivante e
paradoxal expectativa
de que eles despertem
e com um desejo
de voar intensificado
adquiram asas e
voando... se desintegrem

que saiam  céleres
pela porta entreaberta
sigam rumo á vida
( ou ao que restou dela)
talvez transfigurados em
borboletas coloridas
que voam sem amarras
não precisam de sentinela



Úrsula Avner

* imagem do google- sem informação de autoria

* poema com registro de autoria



 
" Não é possível esconder-se de si mesmo "  ( Úrsula Avner )
Úrsula Avner
Enviado por Úrsula Avner em 21/11/2009
Reeditado em 21/11/2009
Código do texto: T1936357
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